6 Passos para ampliar a retenção de sua Unidade Escoteira

Queremos chegar a 200 mil membros no Brasil de acordo com o planejamento estratégico da UEB 2016-2021. Como iremos atingir esse número em apenas 4 anos? 
Acredito que seja possível, porém precisamos expandir nosso foco imediatamente, cuidando dos nossos adultos quase da mesma forma que cuidamos dos nossos jovens. 
 - Espere um pouco! O Movimento Escoteiro é feito para jovens, por qual motivo devemos colocar o foco também nos adultos?
Simples! Precisamos dos adultos para que todo o sistema Escoteiro seja realizado e não podemos esperar que esses voluntários estejam sempre prontos para desempenhar suas funções dentro do Escotismo. Precisamos colocar mais intenção, mais energia, mais tempo, mais cuidado na formação dos adultos e como esses interagem em suas seções. 

Acredito em alguns passos simples:

01 - Gestão de RH na Unidade Escoteira Local - UEL
Cada UEL deve designar um adulto para gerenciar seus Recursos Humanos. Esse pode ser o diretor-presidente ou diretor-técnico, para que não seja necessário criar mais uma função na diretoria. Esse diretor deve gerir e cuidar da vida escoteira dos demais adultos, deve trabalhar junto com o assessor pessoal do escotista para incentivar a sua formação através dos cursos, oferecer suporte nos estágios supervisionados, suporte e conversas individuais a cada 3 meses para sentir e focar nas reais necessidades desse adultos e ainda gerir os distintivos e condecorações que ele ou ela tenha que receber. 

02 - Transparente gestão financeira
Todo e qualquer voluntário sente-se melhor quando sabe que seu tempo, seu dinheiro e seu trabalho estão sendo bem empregados. O diretor financeiro deve colocar em local público e on-line o balancete trimestral, o balanço anual e a prestação de contas mensal da sua Unidade Escoteira. Essa atitude vai mostrar transparência, vai permitir que os adultos colaboradores vejam como o dinheiro está sendo usado, mostra também seriedade da organização. A diretoria da UEL deve montar um orçamento onde consiga envolver o máximo de adultos, onde as pessoas tenham voz sobre a forma como querem que o dinheiro seja empregado.

03 - Gerenciamento de Risco implantado
Devemos educar, praticar e treinar nossos adultos a gerenciar risco em atividades ao ar livre de forma mais constante. O curso técnico de Gestão de Risco deve entrar na formação dos adultos imediatamente. Precisamos criar um cultura de segurança dentro do movimento. Como resultado, podemos esperar atividades mais ousadas, mais seguras e em áreas mais remotas. Quando adultos e jovens sentem-se mais seguros naturalmente eles ficam mais tempo dentro da instituição. 

04- Clima Organizacional e valorização
Precisamos aprender a valorizar o trabalho voluntário dos nossos adultos. Todos os adultos devem trabalhar para criar um clima positivo dentro de sua unidade escoteira, aprender a reconhecer e elogiar os demais, considere a valorização deles fazendo com que eles paguem o mínimo possível em atividades, eles são voluntários e isso significa que não devem pagar para trabalhar. Pensem em como podem reduzir os custos dessas pessoas fazem um trabalho sensacional para educar jovens.

05 - Atividades específicas para adultos

Nossos adultos são jovens crescidos. Planeje e execute sistematicamente no calendário anual atividades ao ar livre para o desenvolvimento técnico dos adultos (acampamentos, jornadas, descidas de rios, cruzeiros, etc). Adicione a esse calendário, cursos e outros treinamentos que não estejam contemplados na formação de adultos da UEB (primeiros socorros, gestão de risco, liderança, culinária, etc). Agregue valor a vida escoteira dos adultos. Além da satisfação em ajudar como voluntário, ela ou ele vai permanecer pois continua a aprender e a se desenvolver como pessoa, com as oportunidades que a sua Unidade Escoteira oferece.

06 - Educar os adultos sobre os estágios de desenvolvimento de equipes, ferramentas de comunicação e resolução de conflitos.
É fácil perceber que os adultos entram como voluntários, passam aquela primeira fase ainda animados e vislumbrados com a filosofia do Escotismo, em seguida passa-se o tempo e eles se deparam com barreiras causadas por eles e por outros adultos da instituição que não têm ferramentas intra e interpessoais para superar as fases da equipe.

Toda equipe ou grupo de pessoas passa naturalmente por todas essas fases: (copiado e adaptado do livro Gerente Minuto)

Fase de Formação da Equipe ou Lua de Mel
Os indivíduos podem até serem flexíveis, mas não há flexibilidade no grupo, bem como não há grande aprendizado ou experiência em grupo, somente as competências individuais.
Geralmente elas não desenvolvem um senso de propósito, por haver a tendência de se expressarem de forma cuidadosa, por não ter uma relação de confiança.
Elas tendem a focar em um líder formal que estabeleça suas direções. E no inicio da formação da equipe, não se tem procedimentos para trabalhar-se em conjunto, pois ainda não foram explorados os talentos e habilidades dos diversos estilos de trabalho. Aqui as relações interpessoais são superficiais. Aqui devemos preparar nossos adultos ainda no curso Preliminar com ferramentas de comunicação que possam a ajudar e oferecer suporte para seguir a próxima fase.

Fase de Turbulência ou Tempestade
Aqui os conflitos evidenciam-se por conta da necessidade de definição dos objetivos e liderança da equipe. Apesar de a comunicação tornar-se mais ampla, ainda há um certo desconforto. Pois é natural que as pessoas priorizem suas necessidades individuais, o que pode gerar, conseqüentemente o pessimismo sobre o time ideal. A solução de conflitos de forma clara, nesta fase é substancial. 

É nesta fase que perdemos nossos Escotistas. Quando nossos adultos chegam nessa fase eles não possuem ferramentas para superar. Fica apenas a briga, ou a discussão, ou o desentendimento. Como resultado, podemos notar que eles deixam o movimento escoteiro por causa de diferenças que muitas vezes poderiam ter sido gerenciadas com simples ferramentas de liderança. Ferramentas de resolução de conflitos, exemplos de debriefings e seções de feedback devem ser ensinados no curso Básico para que o adultos tenham o poder de seguir adiante 

É possível perceber também em algumas equipes que os adultos dentro do Escotismo evitam a Tempestade, querendo ficar sempre na “paz" ou na Lua de mel achando que essa é a melhor forma de manter as relações entre os adultos da seção.

Fase de Normatização
Já nesta fase, a visão dos membros da equipe começa a ser compartilhada com o fim de definir-se as metas e objetivos, diminuindo, assim, a desconfiança e aflorando a liderança dos participantes. O que provoca a eminência de encontro de procedimentos para atingir a eficiência.
Agora já se possui a consciência das diferenças de talentos e habilidades individuais, o que não torna o time totalmente flexível, o que resulta ainda em lentidão para as respostas, pois ainda não há muita experiência compartilhada da qual pode-se tirar proveito, pelo fato de que o time está, ainda, em formação, dando seus primeiros sinais de sinergia.

Fase de Plenitude ou Performance
Após um rápida sinal de estabilidades os membros do time começam a consolidar seu senso de propósito, pois a comunicação já está devidamente integralizada com um nível relativamente alto de confiança.
Na Performance a equipe de adultos já conta com um plano eficaz de trabalho com alto grau de flexibilidade e adaptabilidade, juntamente com aprendizagem em evolução contínua, somente ainda presos ao paradigma tradicional; o que não interfere na produtividade e na sinergia da equipe.

Fase de Transformação da Equipe
Sempre que entrar ou sair um novo Escotista a equipe vai passar pela transformação e todo o ciclo de desenvolvimento volta a acontecer.
Por encontrar-se em um período de adversidades, o time inicia a redefinição de seu propósito, contando, ainda, com a comunicação e confiança em altos níveis.
A liderança já é compartilhada por todos, o que inicia a tramitação de novos procedimentos de trabalho, com as habilidades e estilos individuais em ascensão, o que propicia a adaptabilidade e a geração de respostas rápidas e positivas frente as mudanças necessárias.
Os membros estão em constante melhoria e aprendizado, em busca de quebras de paradigmas, transformando-se em um time criativo, produtivo e questionador.


Se queremos aumentar a retenção de jovens precisamos cuidar dos nossos adultos.
Edmilson M Fonseca
Escoteiro

O grande perigo do JOTI


JOTI significa Jamboree On The Internet, criado em 1996, por causa da popularização do acesso à Internet. Uma gincana mundial de fim de semana. Vantagens e desvantagens existem com relação a esse evento que coincide com o fantástico e consolidado JOTA Jamboree On The Air, que é através do radioamadorismo.

Fiquei bastante surpreso e muito cético com relação ao envolvimento das UELs nas últimas edições do JOTI. Escotistas se organizando para receber os jovens em casa, a busca de locais com conexão rápida de acesso à rede mundial, jovens virando o final de semana para cumprir as tarefas, etc. O JOTI tem pontos positivos: a ampliação massificada da presença do Movimento na rede e a forma como os jovens podem trabalhar em equipe. No mais, temos que analisar o evento e nossa postura com muita atenção e cuidado.

Assustei ao ver nas redes sociais nossos jovens, sentados no chão, de lenço, com o rosto brilhando com o reflexo das telas de laptops e celulares, buscando a próxima tarefa do JOTI ou postando a tarefa já cumprida. Não julguei ninguém, mas perguntas vieram à cabeça: será que nós, adultos, sabemos da forma como o uso constante dessas mídias podem causar problemas fisiológicos e psicológicos? Déficit de atenção, perda da capacidade de concentração, diminuição da criatividade, redução da cognição bilateral... Muitos são os problemas. Não é a toa que Bill Gates e Steve Jobs, por exemplo, limitavam o tempo de exposição dos filhos a computadores, celulares, tablets, phablets e todos os demais aparelhos eletrônicos.

O Escotismo pode ser uma solução para esses problemas causados pelo uso constante de tecnologia, bastam apenas 4 dias seguidos na natureza para que a capacidade de raciocínio seja ampliada entre 25% e 50%. O escotismo, se praticado ao ar livre, é uma opção de solução para redução do Déficit de Natureza.

Outra pergunta que me veio à cabeça: por que será que conseguimos nos organizar tão bem para uma gincana e não temos o mesmo sucesso, ou facilidade, ou nível de envolvimento para atividades ao ar livre? Ou será que temos? Realmente não sei, creio que não. Não vejo esse envolvimento no Brasil.

Será que o sucesso das bases do JOTI não está conectado à nossa competência de sair das paredes de concreto e ir para à natureza? Será que estamos prontos para atividades realmente progressivas e variadas ao ar livre? Será que o JOTI não mostra claramente a nossa zona de conforto?

Sinto que temos que ir em outra direção, sei que o JOTI é apenas uma vez por ano, usei o exemplo para mostrar a URBANIZAÇÃO do Movimento Escoteiro no Brasil. Outro exemplo claro é o programa educativo sênior, do ponto de vista pedagógico é quase perfeito, possui 75 etapas e menos de 25 são relacionadas a atividades na natureza.

Quando BP fundou o Movimento ele usou a palavras JOGOS e esses deveriam ser aplicados na natureza e ao ar livre. Jogo não é gincana de sábado a tarde. Estamos indo na contramão da solução. O mundo é cada vez mais virtual e devemos usar a tecnologia com sabedoria, equilíbrio e colocar intenção em nosso favor, mas com cuidado.

Estamos partindo e aceitando cada vez mais um Escotismo baseado em programas urbanos e não estamos percebendo. Não existem culpados, mas fica o ALERTA e o pedido de reflexão.

Não sou contra o JOTI uma vez por ano, o que quero dizer é: 1 - cuidado, não podemos incentivar o uso constante dessas tecnologias e 2 - devemos basear nossos programas com a natureza e vida ao livre como apelo principal. Ninguém vira escoteiro para acessar a internet e ficar em sede, eles querem acampar!

Não existe Wifi em uma mata ou em um rio, mas a “conexão" por lá que podemos oferecer aos jovens é muito mais profunda...


Edmilson M Fonseca
Escoteiro

A síndrome da superioridade ilusória e o Escotismo



O bacana do Movimento é viver aprender e aprender fazendo, mesmo que seja um adulto. Fico feliz em perceber “sinais e sintomas” de um presente programa de formação de líderes num futuro próximo. A própria WOSM na última conferência destacou a formação de liderança em sua resolução na Eslovênia em 2014, veja o link aqui

Uma das principais habilidades de líder, seja ele escoteiro ou não é a auto-percepção. Acredito e vejo em nossas expedições, como educador ao ar livre, que podem ser sim desenvolvida. Ter auto-percepção seria o ideal, saber e notar como suas ações afetam suas relações interpessoais e como podem afetar aqueles outros que estão em seu círculo. O oposto seria uma grande ignorância.

“Só sei que nada sei” de Sócrates (o filosofo grego). À medida que vamos ganhando mais e mais experiência sobre determinado assunto, vamos percebendo que ainda temos para aprender.

“Charles Darwin disse que “a ignorância gera mais frequentemente confiança do que o conhecimento”. Ou seja, quanto menos sabemos sobre algo maior a tendência para pensarmos que sabemos tudo.

No século XX, o filósofo inglês Bertrand Russell escreveu: "O problema com o mundo é que os estúpidos são excessivamente confiantes, e os inteligentes são cheios de dúvidas”

Descartes falou "Daria tudo que sei por metade do que ignoro"

Dunning e Kruger dois psicólogos da Universidade de Cornell pesquisaram sobre o assunto e chegaram a essa hipótese conhecida como o efeito Dunning-Kruger. Para os dois este fenômeno é um distúrbio cognitivo onde pessoas que possuem pouco conhecimento sobre um determinado assunto acreditam saber mais que outros mais bem preparados, porém esta própria incompetência os limita da habilidade de perceber as próprias falhas. Estas pessoas sofrem de superioridade ilusória.Num planeta onde a forma se valoriza mais do que o conteúdo a gente pode terminar contratando ou seguindo os conselhos de um suposto especialista "incompetente" que parece saber muito, tomando decisões erradas e chegando a resultados horríveis.

Os portadores dessa síndrome receberam de Dunning o querido apelido de “idiotas confiantes”. “Os incompetentes são frequentemente abençoados com uma confiança inadequada, afiançada por alguma coisa que, para eles, parece conhecimento.”

Essas pessoas têm problemas em:
  • reconhecer sua própria falta de habilidade e as suas limitações; 
  • reconhecer as habilidades genuínas em outras pessoas, pessoas que não escutam; 
  • reconhecer a extensão de sua própria incompetência; 
  • reconhecer e admitir sua própria falta de habilidade, depois que forem treinados para aquela habilidade. 
Os genuínos especialistas dificilmente se referem a eles como tal e são muito mais modestos do que aqueles de superioridade ilusória.

Os verdadeiros especialistas sabem que ainda têm um longo caminho a percorrer até o serem, se é que algum dia o serão. Sabem que haverá sempre quem seja melhor e pior do que todos nós em todas as atividades e que, por isso, devemos evitar os rótulos.

Todos nós reconhecemos ou vivenciamos uma situação semelhante. Afinal, quem nunca se deparou com alguém, totalmente ignorante em alguma área do conhecimento, que nunca leu nada sobre o assunto, agir como um sábio e tentar refutar ou debater ideias bem estabelecidas, conhecidas e elaboradas por estudiosos e talentosos especialistas?

Isso em educação é um clássico, muitos profissionais muito reconhecidos são péssimos professores, acontece que o fato de conhecer os conteúdos da sua área de estudo não faz deles especialistas em educação e muito menos bons professores.

Vivemos na sociedade do conhecimento e no império da complexidade onde o todo de qualquer cenário de atuação é muito mais do que a somatória das partes, e o conhecimento é considerado como algo transitório. Por esse motivo, esta sociedade tem como característica fundamental a reflexão, que é considerada como uma porta aberta a mudança e ao reconhecimento de que o que ontem dávamos por sabido amanha pode ser considerado um completo erro.

Ou o que é bom e certo num contexto pode ser um completo desastre em outro contexto, algo que os ignorantes de plantão nem sequer reconhecem já que não desenvolveram a sua capacidade de reflexão.

Uma sociedade onde o diálogo, a capacidade de escutar e de duvidar são os métodos por excelência para crescer e aprender a aprender; quando nos abrimos a escutar e a refletir é como se pedíssemos emprestada a mente dos outros cheia de conhecimentos e experiências para nos enriquecer.

Lamentavelmente possuir um título, seja de uma universidade nacional ou estrangeira reconhecida não configura nenhuma garantia de conhecimento, e o que é pior encontramos muita gente ocupando cargos de altíssimo nível que não entendem do que falam e que ficam possuídos com gente que pensa diferente, os ignorando e até combatendo.

Existem hoje muitos profissionais de palco como diz Felipe Machado, que são bons para apresentações, emocionam e cativam o público, mas que em muitos casos não teriam conteúdo a agregar além de frases de efeito e ideias vazias.

Existem também aqueles que recebem títulos e cargos assim entram na mesma categoria. Trazendo para dentro do Escotismo, somos nós os adultos, os chefes, os Diretores e eles, os Presidentes, muitos de nós com a superioridade ilusória por ter um cargo ou ser IM. Devemos ter cuidado, o movimento não é para nós mas sim para eles, os jovens. Clamo a combater com classe, educação e inteligência a superioridade ilusória dos nossos dirigentes. Não tenham medo de questionar, não tenham receio de perguntar, não tenham medo de sugerir e acima de tudo, aprendam um pouco de contabilidade e não sejam enganados.

Uma coisa é certa somos todos aprendizes e mestres, ao mesmo tempo, quando nos encontramos com profissionais cheios de si que se apresentam como gênios é um bom momento para começar a duvidar já que ninguém, ninguém sabe tudo.

Uma das qualidades mais importantes de um profissional hoje é aprender a aprender e isso só se consegue com humildade, aprendendo a escutar.

Edmilson M Fonseca
Escoteiro


Adaptado/Copiado/Baseado no texto de Dr Daniel L.

Escotismo – Podemos ser profissionais!

Somos todos adultos, voluntários e amamos o que fazemos aos sábados e em tantos outros horários da nossa semana. Somos agentes responsáveis por uma possível mudança comportamental e de caráter em muitos jovens, temos uma grande responsabilidade para com eles.



Este pequeno texto tem intenção de direcionar acertos e, quem sabe, gerar uma mudança de postura de nossas ações dentro do Movimento.

O fato de ser um Movimento onde os adultos são voluntários, não significa dizer que podemos realizar ações, fazermos atividades e termos uma postura amadora. Não podemos tomar como padrão fazermos de qualquer jeito achando que os jovens sempre vão aceitar. O padrão deve ser a superação das suas expectativas.

Um Escotista com postura profissional sabe que, para atingir seus objetivos, não basta fazer apenas aquilo para o que foi acordado como chefe de tropa ou diretor, ele ou ela precisa fazer além do esperado e, para isso, é necessário buscar o melhor todo tempo, precisa ser consistente. Como você realiza as suas atividades? Com base naquilo que precisa ou naquilo que pode?
1. Faça tudo bem feito. Precisamos dar atenção aos detalhes em tudo que fazemos. Ao planejarmos uma reunião, atividade regional ou ajudar os jovens no ciclo de programa, devemos pensar em todos os detalhes: transporte, alimentação, equipamento, horários, enfim, tudo com relação à logística. Não devemos poupar esforços para fazermos bem feito.

2. Atitude Positiva. Devemos sempre ter uma atitude positiva com relação às nossas ações e aos demais. Não custa nada tratarmos as pessoas como queremos ser tratamos. Ter uma mente orientada à solução e não a problemas. Tenha a capacidade de reconhecer os erros pessoais, erros dos demais e das atividades, mas também de direcionar sugestões para os acertos.

3. Trabalhe em Equipe. Ensinamos aos jovens como trabalhar em equipe, mas deixamos a desejar quando passamos para o nível adulto. Pense na sua postura em atividades distritais ou regionais. Você faz algo pelos demais e pelo bem da atividade? Sabe se comunicar de forma efetiva com sua equipe? Sabe fazer sem esperar que peçam? Consegue enxergar o que precisa ser feito?

4. Segurança. Considere a gestão de risco e segurança em atividades ao ar livre. Leia o POR e o livro Padrões de Atividades, esses são pontos básicos e iniciais com relação à gestão de risco dentro do Movimento, em seguida, vá além. Busque informações de como identificar perigos e riscos, aprenda em profundidade sobre gestão de segurança ao ar livre. Aprenda a fazer um relatório e levantamento de risco para atividades escoteiras . Ao compreender risco e segurança você será capaz de realizar atividades com um nível de aventura apropriado para os jovens.

5. Preparação Técnica e Teórica. Nunca pare de aprender. O formação de adultos do Movimento Escoteiro é bem interessante, mas ainda é incompleta do ponto de vista técnico e de competências. Ser Insígnia da Madeira hoje, na minha opinião, apenas dá uma ideia sobre as nuances do Movimento em si. A formação atual de adultos com Preliminar, Básico, Avançado e demais cursos técnicos, não forma bons chefes, é uma formação bastante teórica que é necessária, mas falta o componente prático, falta competência pessoal. Busque e complete a sua formação em cursos dentro e fora do Movimento, tais como: curso de vela, curso de canoagem, curso de formação de líderes, curso de navegação, cursos de resgate, curso de educadores ao ar livre, curso de técnicas verticais, etc.

6. Aprenda Primeiros Socorros. Seja capaz de prestar atendimento pré hospitalar em áreas sem o SAMU por perto. O curso deve ter entre 16 a 20 horas, realizado em 2 dias e 2 noites e deve atender a uma grande variedade de tópicos de primeiros socorros para pessoas que trabalham e vivem na natureza e ambiente urbano. Este padrão de curso, tipo WFA (Wilderness First Aid) é modelo usado por associações escoteiras, diversas empresas e órgãos governamentais na América do Norte, Inglaterra, Nova Zelândia e em outras partes do planeta. O objetivo é ter conhecimentos para que sejam realizados primeiros socorros em áreas urbanas e áreas remotas, onde o adulto tenha condições de oferecer um suporte básico de vida até a chegada de pessoas com treinamento e responsabilidade superiores (SAMU, bombeiros, resgate). Esta preparação também deve oferecer ferramentas para que traumas e situações mais simples possam ser resolvidos da forma mais adequada possível. O objetivo é que o adulto desenvolva seu melhor julgamento para situações onde há risco de morte, traumas e ferimentos mais simples. Veja e participe da iniciativa de Insígnia de Primeiros Socorros para Adultos https://www.facebook.com/groups/409642179226662/

7. Aumente seu Nível de Aventura. Independente se você foi membro juvenil dentro do Escotismo ou se acabou de entrar como adulto, você precisa entender que o sucesso do movimento não se deve às “gincanas alegres” de sábado a tarde ou a uma forma simples de escotismo urbano. O sucesso do movimento no mundo se deve ao componente de vida ao ar livre e de aventura. Assim sendo, aumente seu nível de aventura saindo para caminhadas, acampamentos, escaladas, remadas, corrida de orientação, corrida de aventura, grandes expedições, tudo isso fora do movimento para que seu conhecimento e competências sejam ampliados. É possível ver o resultado desse nível em atividades maiores, quando temos um nível de aventura mais ampliado, temos a capacidade de realizar atividades de aventura real e com significado e resultado positivo para os jovens.

8. Reconheça suas limitações. O fato de você ser diretor ou chefe da tropa, por exemplo, não significa que você é o "todo poderoso". Somos agentes de mudança, não podemos deixar o ego superar nossa missão dentro do Escotismo. Pare para refletir sobre suas atitudes dentro da sua seção e dentro da sua gestão. Reflita sobre seu real motivo para ser voluntário. Se não for para melhorar a educação de jovens, mude! Caso não consiga mudar, busque uma outra função, mas pense sobre suas limitações de tempo, limitações técnicas, limitações cognitivas, limitações físicas ou qualquer outra limitação que acredite ter. O objetivo deve ser sempre fazer com que o jovem supere as suas limitações, você não é a peça mais importante do movimento, somos um facilitador da mudança.

9. Valorização do adulto. Antes de tudo, aprenda a valorizar seu trabalho e o trabalho voluntário dos demais. Os diretores devem gerir seus escotistas como se ele fosse um gestor de recursos humanos. Caros diretores, trabalhem para criar um clima positivo dentro de sua unidade escoteira, aprenda a reconhecer e elogiar os adultos, considere a valorização deles fazendo com que eles paguem o mínimo possível em atividades, eles são voluntários e isso significa que não devem pagar para trabalhar. Pensem em como podem reduzir os custos desses heróis e heroínas que todos os sábados fazem um trabalho sensacional para educar jovens.

10. Transparência. Você é o gestor financeiro da sua Unidade Escoteira, ou o diretor? Você tem acesso às finanças, ao orçamento ou toma decisões acerca de como o dinheiro da Unidade, do Distrito ou da Região é gasto? A resposta é sim? Então por que não coloca o balancete trimestral, o balanço anual ou mesmo uma prestação de contas mensal disponível online na página da sua Unidade Escoteira na internet? Primeiro: vai mostrar transparência, segundo: permite que os colaboradores vejam como o dinheiro está sendo bem empregado, terceiro: mostra seriedade da organização. Monte um orçamento onde consiga envolver o máximo de adultos, onde as pessoas têm voz sobre a forma como querem que o dinheiro seja empregado. O dinheiro não é seu.

Acredito que seja possível ser e ter uma postura profissional com menos mediocridade em um Movimento único onde os adultos são voluntários.

Edmilson Fonseca
Escoteiro







Cicloexpedição Estrada Real - De Diamantina a Paraty

Da série ASA - AMORES, SABORES E AVENTURAS

O diário da nossa cicloexpedição pela Estrada Real em dez/2015 e jan/2016. Textos escritos no calor das emoções, com todos os sentimentos e sensações ainda borbulhando, como um bom diário deve ser...

CAMINHO DOS DIAMANTES - Percurso mais curto, porém com um grau de dificuldade maior, áreas mais remotas e cidades e vilarejos com menos estrutura.

CAMINHO VELHO - Percurso mais longo e mais visitado por turistas de todos os tipos. Nível de dificuldade um pouco menor, porém ainda com alto grau de exigência física.

Todas as fotos você encontra no álbum:


DIA 1 - 25/12/2015 - De Belo Horizonte a Diamantina 

Saímos de BH em direção a Diamantina no ônibus da empresa Pássaro Verde às 9:15h. Não tivemos problemas, pois as bicicletas estavam devidamente encaixadas, vimos outro casal ter que desmontar as suas bikes em cima da hora, pois a empresa não as embarca montadas.
5 longas horas com ônibus lotado e uma figura peculiar sentado atrás de nós, que batizamos de Louro José e conseguiu o feito de não parar de falar por nenhum minutinho sequer.
Pegamos um táxi para a Pousada Presidente, onde fomos muito bem recebidos em um ambiente familiar e hospitaleiro; o taxista ainda tentou cobrar um valor maior que o combinado na rodoviária, mas não colou, pagamos o combinado e seguimos (R$20,00).
Montamos as bikes - encaixamos os pneus, selins, guidãos, regulamos os freios (aqui começou a valer o investimento no curso prévio de manutenção de bikes) e instalamos o odômetro - descansamos um pouco, demos uma volta na cidade e procuramos algum local para comer. De cara encontramos o Pizza Fácil, lugarzinho direcionado ao delivery, mas com duas mesinhas fora, o que nos permitiu comer uma boa massa - excelente pedida para a véspera do início de uma cicloexpedição. A grande e feliz surpresa foi o cardápio com muÇarela escrito corretamente, isso mesmo, com Ç, como manda a regra e muito bem explicado no próprio cardápio. Arrasaram!





CAMINHO DOS DIAMANTES

DIA 2 - 26/12/2015 - De Diamantina a São Gonçalo do Rio das Pedras

E o pedal começou... E a Estrada Real mostrou a sua cara... E o bicho pegou!!! Mas, quem disse que seria fácil?
Começamos a pedalar às 10h, muitas coisinhas para afinar antes da partida, fechar equipo, montar bikes, calibrar pneus, procurar passaporte da Estrada Real - não achamos, todos os pontos de entrega em Diamantina estavam fechados -, seguimos...
Passamos pelos mais variados tipos de solo: calçamento histórico, barro batido, asfalto, cascalho... A descoberta do percurso, a falta de treino, de boa alimentação e de boas noites de sono dos últimos dias deixaram os primeiros 10km sofridos. Nessa hora a parceria, o controle emocional e o autoconhecimento fizeram a diferença e o pedal começou a fluir. Paramos em Vau, um vilarejo que fica a 26km de Diamantina e possui uma vila de apoio ao turista com pessoas acolhedoras, onde conseguimos comer algo, tomar café quentinho passado na hora e usar banheiros limpinhos. Decisão mais que acertada, pois, não sabíamos nós que, a partir dali, todas as subidas do mundo estariam a nossa frente. Parada para fotos na Ponte do Rio Jequitinhonha, lugar lindo! E mais 4km de subidas, daquelas que tentam lhe desmoralizar: íngremes, longas e escorregadias pelo cascalho; o segredo é não se afligir, não se sentir pressionado, seja humilde, desça da bike e as encare, mesmo sabendo que o sofrimento não diminui, afinal, você está de férias e tudo é diversão...
Decidimos parar em São Gonçalo do Rio das Pedras, apenas 33km de Diamantina. Precisamos descansar para tentarmos iniciar mais cedo amanhã com energia renovada, foi puxado...
Pizza maravilhosa à noite para renovar e ganhar energia, Pizzaria Quero Mais ganha o selo de "aprovada".
E amanhã tem mais! "Simbora" sofrer por esse mundão que é disso que "nois" gosta!



DIA 3 - 27/12/2015 - De São Gonçalo do Rio das Pedras a Alvorada de Minas

O dia iniciou na Pousada Refúgio dos 5 Amigos com um café da manhã simplesmente espetacular! Mineirinho e cheio de carinho, pão caseiro feito no forno à lenha, iogurte caseiro, queijo minas, café quentinho passado no pano, tudo de bom para começar bem o dia. Recomendamos!
O pedal iniciou tranquilo, barro batido até a cidade de Milho Verde, pertinho, um vilarejo charmoso, passamos rápido. E chegou o asfalto, e ele veio que veio, visual incrível a cada curva - viajar pedalando nos permite apreciar essas paisagens sob outro ângulo, sensação incrível - mas, afinal, estamos em Minas, na Estrada Real e, como dizem e estamos comprovando, é tudo cheio de sobe e desce e hoje não foi diferente, descidas divertidíssimas e subidas menos assustadoras, mas ainda precisamos descer das bikes e empurrar em algumas delas. Passamos por Três Barras, também pequena, e seguimos para Serro, onde paramos por mais tempo para comer e conhecer essa cidade cheia de história e gente simpática, lindinha demais! Atenção, existe a possibilidade de seguir de forma mais rápida evitando o centro desta cidade - não façam isso, essa visita vale a pena!
Aqui fechamos a primeira perna de 30km do dia, partimos para a segunda com mais 20km e mais visuais incríveis, descidas e subidas, chegamos a Alvorada de Minas às 14:30h e 50km rodados. Chegamos bem, daria para continuar, mas estava trovoando e o tempo estava ameaçando virar, então, por segurança, decidimos parar. O próximo trecho será em trilha e com alto grau de dificuldade, seria arriscado enfrentá-lo com tempo ruim (tempestade elétrica) e a noite caindo.
Fomos procurar uma pousada, uma aventura, era domingo, todo mundo dentro das suas casas, só gente bebendo em um ponto da rua e nenhum indício de nada. Quando já estávamos cogitando pedir abrigo na casa de alguém, descobrimos a Pousada Cardoso, um casarão antigo do antigo prefeito onde hoje mora a sua filha e aluga alguns quartos, lugar bem peculiar...
Agora é descansar...



DIA 4 - 28/12/2015 - De Alvorada de Minas a Tapera

Hoje foi um dia difícil, sabíamos que teríamos duas ou três pernas bem puxadas pela frente, nossa planilha indicava dificuldade física nível 5...
Vamos ao início deste episódio... Começamos a primeira perna de 17km já com muita subida e o visual ficando cada vez mais incrível, 360° de pura beleza! Chegamos a Itapanhoacanga bem cansados e não conseguimos nem água, parecia uma cidade fantasma, apenas algumas crianças na rua nos olhando como se fôssemos de outro planeta. Tivemos que seguir assim mesmo e, após mais uma subida sobrenatural, paramos para repor proteína e carboidrato e descansar 5 minutos, pois a próxima perna de apenas 14km também prometia.... E não era mentira, foi quase inacreditável a quantidade e dificuldade das subidas que passamos hoje, dos 30km, mais de 12km foram empurrando as bikes em subidas inimagináveis, foi chato, travado, sofrido, mas foi lindo assim mesmo... O visual é único e é o que fica no final...
Chegamos a Tapera após 6h de muito suor e sofrimento, decidimos não continuar pois a próxima perna é mais longa e, se for como essas de hoje, poderíamos não terminar bem, além de que, como todos os dias, o tempo ameaçava virar.
Tenham certeza, 10km rodados aqui são mais difíceis que 50km em qualquer trilha rotineira dos nossos fins de semana! Mas continua sendo incrível e amanhã tem mais! Não sabemos onde nem quando vamos parar, mas estamos indo... Devagar e sempre... "Enjoiando" cada sensação nova, seja ela de que tipo for...



DIA 5 - 29/12/2015 - De Tapera a Morro do Pilar

Hoje o dia foi simplesmente espetacular! Iniciamos com um friozinho mineiro "bão" que atrasou um pouco a saída, mas, estamos de férias e isso não é problema.
A primeira perna de 34km foi indescritivelmente sensacional, o giro fluiu e o visual durante todo o percurso foi cinematográfico, nos divertimos do início ao fim, muitas paradas para fotos e vídeos e nem uma troca de pneu tirou o nosso humor. Foi um pedal lindo e, hoje sim, nos sentimos na Estrada Real.
Paradinha rápida em Córregos, cidade de uma avenida com gente do bem que nos deu água e conversamos um pouco. A próxima parada foi em Conceição do Mato Dentro, cidade com um bom apoio para quem vinha de cidades bem remotas, calibramos os pneus, uma volta pelo centro, almoço bacana e um descanso rápido, afinal, estávamos bem, empolgados com a delícia de pedal do dia e o tempo estava perfeito. Entramos na segunda perna até Morro do Pilar, mais 28km de trilha igualmente linda, muita mata fechada, descidas técnicas, subidas, quase todas - e eu disse quase - transponíveis aos mortais, humanos e ciclistas. Foi uma vibe incrível em todos os 62km pedalados e desfrutados durante as mais de 9h pelo mundo.
Foi lindo, foi gostoso, foi divertido, foi prazeroso, foi compensador... Assim foi o dia de hoje...



DIA 6 - 30/12/2015 - De Morro do Pilar a Itambé do Mato Dentro

O pedal de hoje foi curto e sofrido novamente, apenas 36km sendo mais de 5km empurrando ladeiras acima em um calor de derreter os miolos de qualquer um. Nenhuma cidadezinha no meio do caminho, nenhuma casinha para reabastecermos água. O visual continuou lindo e no mesmo estilo de ontem com visão 360° nos topos das subidas. O detalhe ficou por conta dos bichos, a quantidade de animais soltos no meio do percurso é uma atração a parte, precisamos parar para tanger gado, cachorros nos acompanham em alguns períodos, porco gordo na beira da estrada, lagartas coloridas prontas para o Carnaval, gansos, iguanas, carcarás e maracanãs voam sobre nossas cabeças e até uma cobra cruzou o nosso caminho - foi isso mesmo que eu disse, uma cobra, aquele bichinho que eu tenho total asco e pânico, uma cruzou bem na minha frente e eu paralisei, quase infartei e precisei de um abraço para me acalmar, foi trash demais e o pior foi Edmilson rindo como se nada estivesse acontecendo, dizendo que era uma simples cobra cipó de 1,60m que eu quase atropelei... ai ai... 
Amanhã é reveillon e nós nem sabemos onde estaremos... Até lá!


DIA 7 - 31/12/2015 - De Itambé a Bom Jesus do Amparo

O dia hoje começou tarde, ontem estávamos muito cansados e paramos em uma cidade com pouca estrutura, fato não muito raro neste caminho que estamos fazendo. A cidade tinha uma vibe estranha e, ainda no final da tarde, faltou energia, só conseguimos comer algo em uma padaria sem muitas opções e agradecemos por encontrá-la, pois já passamos alguns perrengues "gastro e aguamente" falando; a noite de sono também não foi boa... Seguimos 14km de asfalto até Senhora do Carmo. Dizer que um visual incrível nos acompanhou está virando rotina... Lá paramos e conseguimos comer o nosso primeiro pão com linguiça (iguaria tipicamente mineira), depois mais 17km de trilha linda até Ipoema, volta rápida no centro, um sorvete na praça e mais 13km até Bom Jesus do Amparo, onde decidimos parar, pois já eram 16h e a próxima perna seria longa e remota, então decidimos não arriscar - decisão acertada, pois foi só conseguirmos uma pousada para a chuva grossa cair.
Pousada Real, super agradável e com gente do bem, cidade com uma estrutura legal. Na Igreja da Matriz existe a única imagem de Jesus criança, não conseguimos ver, a igreja estava fechada. Uma festa estranha na praça principal, uma olhada rápida e descansar que amanhã tem mais!
Desejamos a todos um Feliz 2016 com muita saúde e paz!





DIA 8 - 01/01/2016 - De Bom Jesus do Amparo a Mariana


Ano Novo passou e já estamos no mundo, às 19:15h saímos de Bom Jesus do Amparo seguindo os marcos da Estrada, passamos pela trilha mais poeticamente pedalada até agora, mata fechada com cheirinho de eucalipto, flutuamos sem conseguirmos dizer uma palavra sequer, mas com o silêncio exalando poesia... Navegamos bem até o quilômetro 15, quando chegamos à Rodovia Estadual MG129. O trecho está sendo duplicado e o marco da entrada para Cocais foi removido; perdemos a entrada e tivemos que seguir nosso caminho por ela. Trechos sem acostamento, motoristas imprudentes com o ciclista e risco real de acidente. Seguimos para Barão de Cocais, onde retomamos a trilha e seguimos para Santa Bárbara. Tivemos dificuldade na navegação devido à ausência de marcos na Estrada.

Por causa do acidente da Mineradora Samarco, os trechos de Bento Rodrigues e Camargos estão interditados, uma lástima em todos os sentidos. A nossa opção seria seguir pela MG movimentada por 54km, correndo riscos reais. Optamos por fazer este desvio de ônibus e tivemos mais uma aventura: nem o ônibus suportou as subidas e quebrou em uma delas. Ficamos parados em frente a uma estação da Vale na beira da estrada aguardando o mecânico, foi engraçado e serviu para observarmos um pouco o movimento nesta empresa... E assim chegamos a Mariana às 22h.






DIA 9 - 02/01/2016 - De Mariana a Ouro Preto


Conhecemos a cidade de Mariana e seu belo Centro Histórico pela manhã, vimos até uma Folia de Reis, muito bacana. Tudo pronto para seguirmos até Ouro Preto à tarde, entramos na estrada e com 3 minutos de pedal caiu uma tempestade de raios gigante em cima de nós, por sorte, conseguimos achar um posto de gasolina abandonado para nos abrigarmos, esperamos o tempo melhorar um pouco, mas os raios ainda continuavam. Voltamos para Mariana, almoçamos e continuamos medindo o tempo, até que, às 16:30h  conseguimos voltar a girar com segurança e seguimos para Ouro Preto, a chuva ainda caía fina, mas os raios já haviam passado. Começamos uma subida na saída de Mariana que só terminou no centro de Ouro Preto, para concluirmos este trecho cheio de aventuras e em grande estilo, foram 11km de subida sem um empurrãozinho nas bikes! Chegamos a Ouro Preto às 18h, depois de 2 dias intensos e cheios de peculiaridades, mas felizes pelas boas tomadas de decisões.

Primeiro desafio cumprido! Caminho dos Diamantes "ticado"! Caminho Velho, aqui vamos nós!






CAMINHO VELHO

DIA 1 - 03/01/2016 - De Ouro Preto a Santo Antônio do Leite

Aproveitamos Ouro Preto menos do que ela merece, é uma cidade realmente encantadora e cheia de charme. Pegamos os passaportes - não conseguimos no Caminho dos Diamantes - e caímos na trilha às 12:30h debaixo de uma chuva fina, um dia realmente molhado e proveitoso. Seguimos para São Bartolomeu pela estrada de carros; a trilha indicada pelos marcos nesse percurso e no de Glaura não é para ciclistas (segundo relatos e depoimentos de ciclistas amigos). Valeu muito a pena a decisão, a estrada de chão é linda, agradável e tem tudo que uma boa trilha por aqui tem.
São Bartolomeu é docemente cheia de carinho, a sua tradição nos doces é sentida na primeira prova, são fantásticos! Seguimos para Cachoeira do Campo e fechamos o dia em Santo Antônio do Leite, onde fomos recepcionados por uma tempestade repentina, mas, como uma providência divina, nos abrigamos em um bar onde o dono nos serviu um caldo quentinho e ainda nos indicou uma senhora que alugava quartos para ciclistas, tudo limpo, cheiroso, aconchegante e baratinho. Um abraço para a Sra. Tânia e o Sr. Geraldo. Tivemos o sono dos justos...


DIA 2 - 04/01/2016 - De Santo Antônio do Leite a Congonhas

Segundo dia e o giro começou cedo, saímos novamente embaixo de uma chuva fina que deixou as trilhas cheinhas de lama, foi sujo, mas foi massa! kkkkk... Passamos em Miguel Burnier, cidade tomada pela Gerdau, estradas e paisagens totalmente manipuladas. Lobo Leite foi a segunda parada, moradores tipicamente mineiros, daqueles que precisamos ouvir com atenção ou não entendemos o que eles falam, uma riqueza típica da região. Congonhas foi a última parada, aproveitamos para apreciar as obras de Aleijadinho e dar um trato nas bikes depois do lamaçal (os detalhes deste trato nas bikes será contado em outro episódio...)
Caminho Velho, "vem em nós" que fomos treinados no Caminho dos Diamantes, kkkkk...



DIA 3 - 05/01/2016 - De Congonhas a Lagoa Dourada

Hoje foi dia de girar, estamos mais condicionados e o sistema já está funcionando.
Em Congonhas ficamos hospedados na Pousada Pouso Café, do Sr Luisinho, indicação de um casal de ciclistas que encontramos pelo caminho. Gente boníssima, acolhedora e acostumada a receber ciclistas e turistas, uma riqueza de história e boas dicas para os desbravadores. As obras de Aleijadinho são a grande atração da cidade e aproveitamos para apreciá-las durante a manhã...
Seguimos para Pequeri, passando por Alto Maranhão, em uma trilha linda, depois fomos para São Braz do Suaçuí e de lá, para Entre Rios de Minas. As trilhas desses percursos são para serem vividas e sentidas, qualquer descrição não retrata o sentimento deste duro e fascinante percurso... Lagoa Dourada com sabor de rocambole foi o pouso de hoje, após 76km bem girados...


DIA 4 - 06/01/2016 - De Lagoa Dourada a Tiradentes

A saída de Lagoa Dourada é por um caminho de eucaliptos espetacular de lindo, tudo para você ganhar um fôlego para o que lhe aguarda logo a frente: piramba no melhor estilo Estrada Real, travessia de rios, single track, bike nas costas, subidas abduzíveis para outra dimensão, descidas com inclinação, cascalho, valas, curva fechada e abismo, tudo junto, e até uma cobra imensa, colorida e gorda, com cara de nada - isso mesmo, passei rente à cabeça dela, quase catatonizei...
Chegamos a Prados por volta das 14h. Precisávamos comer e descansar um pouco antes de seguir, não foi fácil. Prados tem o artesanato como característica principal, aí você diz "onde carimbo o passaporte?", "temos esta loja de artesanato aqui", "onde conseguimos comer alguma coisa aqui?", "temos esta outra loja de artesanato aqui"... Só tem artesanato! Depois de alguma procura, conseguimos um restaurante em um cantinho onde conseguimos almoçar, carimbamos os passaportes em uma pousada que fica no pé da nuvem dos ursinhos carinhosos de tão alto. Seguimos para Tiradentes e só seguimos porque merecíamos Tiradentes hoje, e ainda bem que seguimos. Bichinho, uma cidadezinha que fica no meio do caminho, é simplesmente linda e encantadora, ela sim tem artesanato e tudo o mais, mesmo sendo menor. Paramos e curtimos o astral da cidade um pouco, no final da tarde seguimos para Tiradentes, cheguei tão cansada que estava subindo lombada na coroinha... (Edmilson mandou dizer que ele chegou bem, subindo lombada no coroão, kkkkkk...)
Merecemos Tiradentes e toda a beleza que ela nos proporciona agora... Amanhã tem mais!



DIAS 5 E 6 - 07 e 08/01/2016 - De Tiradentes a Capela do Saco

o 5° dia de Caminho Velho foi de turista, ficamos curtindo e sentindo Tiradentes que é uma cidade cheia de charme, parada obrigatória pelo descanso físico e banho cultural. Permita-se sentir Tiradentes, é enriquecedor...
O 6° dia foi de girar, começamos o expediente cedo, fizemos a primeira perna de Tiradentes a São João Del-Rei, uma volta rápida nas belas pontes desta metrópole e seguimos para São Sebastião da Vitória - esta era a perna mais difícil do dia, 26km com 5% de inclinação nas subidas -, passamos com tranquilidade e chegamos bem. Almoçamos e seguimos para Caquende em uma trilha divertidíssima, 24km fluindo liiiiiiiindo... Foi show! A trilha acaba em um balneário lindíssimo e o visual vai mudando a cada quilômetro.
Atravessamos na balsa para Capela do Saco, onde montamos pouso. Chegamos cedo (15:30h), queríamos continuar, mas a próxima perna tem uma subida famosa pela inclinação e cascalhos, preferimos não arriscar, guardamos esta subida para o outro dia cedinho. Alugamos uma casa - isso mesmo, a dona de um bar que fica às margens do balneário aluga casas, com direito a pitangueira carregada no quintal, e ainda serve refeições e café da manhã -, carinho nas bikes, banho e um pôr do Sol sensacional... Foi como terminamos esta delícia de dia...


DIA 7 - 09/01/2016 - De Capela do Saco a Carrancas

Hoje o dia foi curto, enfrentamos a tão falada subida de Carrancas; ela é um pouco longa e o seu grande desafio são os cascalhos. Fomos na boa e, como já passamos por todo o perrengue do Caminho dos Diamantes, sem querermos parecer pedantes, passamos com tranquilidade e chegamos a Carrancas às 12:30h doidos para girar. Estávamos realmente empolgados por termos superado a Capela do Saco bem, almoçamos e descobrimos que não tinha como continuarmos, pois não teríamos nenhum suporte nos próximos 67km; Traituba - que fica a 30km daqui - foi abandonada há uns 4 anos e hoje é uma vila abandonada, não tínhamos como seguir sem tempo para um pneu furado ou uma chuva inesperada (coisa comum nas tardes daqui nesta época).
Tomada de decisão errada ontem, deveríamos ter continuado até Carrancas sem montar pouso em Capela do Saco. Perdemos um dia por causa disso.
Agora cá estamos, em Carrancas, doidos para girar! Como não deu hoje, vamos fazer o sacrifício de explorar a cidade... Amanhã tem mais!


DIA 8 - 10/01/2016 - De Carrancas a Cruzília

Para falar de hoje, temos que lembrar de ontem: chegamos a Carrancas ao meio dia e mais do que prontos para seguirmos para Traituba, porém logo descobrimos a ausência de apoio logístico por lá, leia-se um local para passar a noite e para comer. Resultado, paramos cedo e decidimos a Traituba e Cruzília devido aos 70km de isolamento.
Hoje saímos tarde por causa do café da manhã da pousada, 9:10h começamos a pedalar, muito tarde para um dia com a extensão que desejávamos girar.
O dia nublado ajudou no começo, deixou a temperatura mais agradável, mas logo o Sol apareceu e parecia estar maior, pois a sensação foi de esquentar o dobro do normal. Pedalamos bem, muitas subidas e descidas curtas deixaram o dia bem interessante. Logo percebemos que a decisão de ontem foi mais que acertada. No meio do caminho havia Traituba, uma fazenda construída para receber Dom Pedro I, visita esta que nunca ocorreu e que está fechada e serve como base para atividades agropecuárias.
Pedalamos 72km até Cruzília sem um ponto de apoio, com exceção de um bar simples no quilômetro 30, onde tomamos um refrigerante e fizemos um lanche com a comida que levamos do café e sobra da pizza do jantar de ontem. Ficamos praticamente sem água, apesar dos 5 litros de autonomia, com sinais e sintomas de desidratação leve e insolação, normal para o tamanho da balada.
Em Cruzília achamos um local para comer, já eram 16h. Fizemos uma rápida avaliação do dia e decidimos parar por hoje.
Foi longo, foi bonito, foi difícil, foi bacana. Estrada Real, você é Sensacional!


DIA 9 - 11/01/2016 - De Cruzília a São Lourenço

E o pedal já está com ritmo e clima de nostalgia, está acabando... Nostalgia + Edmilson depois de um relaxante muscular + chuva = ritmo um pouco mais lento e muito mais divertido!
Lavamos e lubrificamos as bikes e caímos nas trilhas em direção a Beapendi, muita lama traduz todo o percurso, é massa demais ter um desafio diferente a cada dia. Beapendi foi a primeira cidade onde o carimbo no passaporte da Estrada Real não estava em uma pousada ou restaurante; estava na Igreja de Nha Chica, primeira igreja de todas que passamos que estava aberta e era gratuita, podem acreditar. Já tínhamos ouvido falar nela em São João Del-Rei e fomos conhecer mais sobre a história da Santa de Beapendi. Linda a história, a casa onde ela morou, o santuário e a igreja que ela construiu, tudo com tanto cuidado e carinho que deu até vergonha de estarmos lá cheios de lama, mas as pessoas não estavam nem aí, todas simpáticas e solícitas acima do normal.
Em Beapendi ainda tivemos uma experiencia gastronômica que foi para a caixinha dos sabores inesquecíveis: torta indiana com gostinho de canela, café quentinho, uma chuvinha lá fora e Chimarruts ecoando Versos Simples na mente... Momento sublime que será lembrado por toda a eternidade...
Caxambu foi o segundo destino, visita ao Parque das Águas e mais lama até São Lourenço, cidade maior do que imaginávamos, também conhecida pelo seu Parque das Águas e onde montamos pouso, metrópole charmosa para uma boa noite de descanso.



DIA 10 - 12/01/2016 - De São Lourenço a Passa Quatro

O 10° dia de Caminho Velho também começou lento, muita chuva e lama pelas trilhas, ainda mais que ontem. Edmilson escorregou logo no início e ficou sentindo o dedo da mão direita. Almoçamos em Pouso Alto, cidade charmosa! Tentamos bater um raio x do dedo, mas não deu muito certo, faltavam médico e estrutura na cidade, foi até engraçado analisar aquele ambiente um tempo... O dedo melhorou com gelo e seguimos. Mais lama, mas muita lama, mas muito mais lama mesmo!!! São Sebastião do Rio Verde, Capivari, Itanhandu e o pouso em Passa Quatro, segunda vez que passamos por aqui nos últimos 4 meses e só chove, só chove...
Está acabando... Mas amanhã tem mais!


DIA 11 - 13/01/2016 - De Passa Quatro a Guaratinguetá

Hoje o dia começou molhado, lento e cheio de lama novamente, uma chuvinha fina insistia em nos acompanhar. Os primeiros 8km foram bem travados até a Garganta do Embaú, mas, logo depois da divisa MG/SP, descemos por quase 10km e o clima e visual foram mudando como em um passe de mágica. Paramos no meio para olharmos as suas variações, uma montanha fria de um lado e outra quentinha do outro, peculiaridades que só a mãe natureza nos proporciona... Até uma plantação de girassóis nos encontrou neste caminho, foi fantástica a descida!
Seguimos para a Vila do Embaú e de lá, como o dia seria curto e aparentemente tranquilo, esticamos um pouco até Cachoeira Paulista. Almoçamos e fomos conhecer a Canção Nova, lugar maior do que imaginávamos e muito preparado para receber turistas católicos, um complexo bonito e muito organizado. Valeu muito o turismo religioso. Recomendamos!
De lá, seguimos até Guaratinguetá, nosso pouso de hoje. Sair do sossego da parte remota da Estrada Real e cair no asfalto em SP foi um susto que me deixou até nervosa, caminhões, barulho... Estávamos realmente desacostumados com isso tudo... Visita à Casa de Frei Galvão para continuar no clima do turismo religioso e mais um carimbo nos passaportes. 
E a Estrada Real está quase chegando ao fim... Amanhã começamos a última e famosa subida para Cunha, será que esta aventura dura mais um dia ou dois? Só amanhã saberemos... Até lá!


DIA 12 - 14/01/2016 - De Guaratinguetá a Cunha

Inicialmente, tínhamos planos de tentarmos fazer este trecho em um dia só, sabíamos que era muita subida. Decidimos tentar mesmo assim, mas, a chuva torrencial que caía lá fora quando acordamos e que durou a noite toda em Guaratinguetá nos fez desistir e só conseguimos iniciar o pedal às 11h da manhã. Saímos com uma chuva fina ainda, o trecho é todo de asfalto com acostamento e inicia-se leve nos 10 primeiros quilômetros, quando começa a tão famosa e temida subida de Cunha; uma subida longa que nos leva de 550 a 1100m de altitude, mas "pedalável". Chegamos a Cunha, 4h depois, mais inteiros do que imaginávamos.


DIA 13 - 15/01/2016 - De Cunha a Paraty

O ÚLTIMO EPISÓDIO
Começamos o último dia da trip bem cansados, as pernas estavam sentindo a subida do dia anterior - a título de condicionamento, talvez, tivesse sido menos sofrido se tivéssemos continuado no dia anterior, se o tempo tivesse ajudado, esta esfriada nas pernas foi sofrida. Seguimos devagar e com paciência tendo cada subida como desafio final. Neste dia saímos de 900 para 1500m de altitude, também só asfalto, mas desta vez sem acostamento, a chuva ia e vinha. Seguimos, visual lindo, curtíamos cada giro por ser o último dia, uma mistura de sensações, vontade de concluir o desafio misturado a de não querer que ele acabasse... Uma Cachoeira (Mato Limpo) na beira da estrada, linda! Parada Obrigatória! Mais alguns quilômetros e chegamos à divisa dos Estados de SP/RJ - a partir daí, só alegria! Uma estrada de blocos de pedra em excelente estado e uma descida de guardar no coração como a linha de chegada de uma grande competição, 15km descendo até o nível do mar, um merecido prêmio para quem se propôs ao desafio da Estrada Real, estrada esta que está tatuada em nossos corações... Completamos a Estrada Real de Diamantina a Paraty. E é com os olhos mareados e o coração apertado que constatamos: Paraty é linda demais! 

 

Agora é voltar aos pedais do dia a dia com um novo parâmetro em relação ao que sejam subidas e lama,  procurando marcos históricos no meio do caminho por instinto e entendendo muito mais sobre a grandiosidade da vida diante da pequenez do ser humano...

ESTRADA REAL - O CICLOTURISMO MAIS DIFÍCIL DO BRASIL!

24 dias de viagem;
20 dias de expedição;
19 dias pedalados;
1000km girados (61km empurrando ladeira acima);
494km de subidas;
24.111m de altimetria acumulada nestas subidas;
3 estados visitados;
55 cidades;
1 milhão de novos sabores;
1 tonelada de sorrisos;
1 infinidade de histórias e sentimentos guardados na alma...

Há quem acredite sermos loucos, mas, "louco é quem me diz e não é feliz".


Trailer da Viagem no You Tube